O Pecado não se resolve com Terapias, mas com o Perdão... a Absolvição ...
Lembra-nos a Igreja Católica em seu Catecismo: “Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer... fazer o bem e evitar o mal. A voz desta lei soa aos ouvidos do coração... é uma lei inscrita por Deus no coração do homem... a consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz” (CIC – 1776)
A questão de fundo é: por que as pessoas buscam os consultórios e já não quase buscam os confessionários?
E para agravar a situação, por influência das “seitas heréticas”, muitos cristãos, até mesmo católicos, afirmam com toda arrogância: “Eu me confesso direto com Deus”, como se Deus viesse pessoal e visivelmente escutá-los.
Assim, descrêem da Palavra desse mesmo Deus que entregou aos apóstolos, no pentecostes apostólicos, o poder de perdoar os pecados, e deles aos seus sucessores ao longo dos séculos:
“... Soprou sobre eles dizendo: ‘recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23)
Ora, como poderão confessar-se diretamente com Deus se, ele não deixou este procedimento? Parece-me que eles confundem a atitude do arrependimento pessoal, com o Sacramento que é uma confissão direta dos pecados ao representante de Cristo Senhor.
Junto a esta ignorância, nos deparamos com outra confusão, que é o chamado “Peso de Consciência”. Ora o que comumente chamamos de Peso de Consciência, na verdade é a voz do Senhor que nos adverte quanto à situação de pecado.
O Dicionário Aurélio assim define: “Peso de Consciência”: - “É tudo que incomoda, molesta, fatiga, preocupa”; e no sentido figurado “écarga, peso”. De modo semelhante é o que se aplica ao termo “Drama de Consciência” ou ainda “Remorso”. Na verdade todos estes sentimentos são um alerta, ou melhor, dizendo: “É o Senhor lutando para nos resgatar. É nosso Deus nos dando da sua luz. Lutando a nosso favor. Portanto, quando não se escuta a voz da Consciência, quando não se leva em conta essa voz, o que não se está levando em conta é a Voz de Deus, não se está dando ouvidos, nem importância à Voz do Senhor”.
Diz o Catecismo da Igreja: “Apenas o homem, entre todos os seres vivos... digno de receber de Deus uma lei. Animal dotado de razão, capaz de entendimento e discernimento, regulará sua conduta dispondo de liberdade e de razão, na submissão àquele que tudo lhe confiou” (CIC – 1951, 301)
E o que vem a ser Remorso: “É a inquietação da consciência por culpa ou crime cometido...”. Por isso, a consciência de culpa, até certo ponto é saudável. Ela nos livra do relaxamento no que concerne ao pecado, e nos livra da “Morte Espiritual”, da morte da alma, pois quando a alma está morta, já se está perdida. É o que chamamos de pecado mortal quando não há arrependimento:
“Se alguém vê seu irmão cometer pecado que não leva à morte, que ele reze, e Deus dará a vida a esse irmão. Isso quando o pecado cometido não leva à morte. Existe um pecado que leva para morte, mas não é a respeito desse que eu digo para rezar” (1º Jo 5, 16)
Sabemos, que todo pecado mortal cometido, quando confessado com o firme propósito de não voltar a praticá-lo, é perdoado. Portanto, nem a psicanálise, nem a psicologia ou psiquiatria ou as demais ciências humanas, tem o papel de “dês-culpar”, ou seja, de tirar a culpa de uma pessoa, quando se trata de pecado. Pois, só o sacerdote com o perdão dado mediante a Igreja, com a absolvição dos pecados, pode devolver a paz interior. Tais ciências devem auxiliar quando for o caso de uma culpa obsessiva.
Pois, o Remorso, Drama ou o Peso de Consciência, naquilo que se refere ao pecado é uma questão espiritual e não simplesmente psicológica. E dizemos “não simplesmente psicológica”, porque sabemos que, também, o pecado envolve o mundo psicológico das pessoas. Mas certo é que as questões espirituais são reservadas para os sacerdotes e pastores, e o perdão dos pecados só aos sacerdotes.
A terapia, por melhor e necessária que seja não possui as condições de absolver as pessoas nem tirar a culpa de um pecado não confessado. O pecado não se resolve com terapias, mas com o perdão concedido por Deus através do Sacramento da Igreja, ou quando a pessoa resolve perdoar a si mesma confessando os seus pecados ao sacerdote e perdoando aos outros que lhe ofendeu. Até porque em muitas técnicas terapêuticas negam-se os pecados como meio de se tirar á culpa da consciência.
Desejo ainda fazer uma observação, não pretendo aqui levantar uma oposição entre terapeutas e padres, o que faço é uma simples distinção de realidades que se misturam, pois sabemos que a Igreja até recomenda em casos de “indivíduos escrupulosos em excesso procurar o acompanhamento de um profissional do comportamento humano, seja ele psicólogo ou psiquiatra”.
E para completar a minha reflexão gostaria ainda de levantar alguns questionamentos que me parecem oportunos.
1) Por que os consultórios andam cheios e os confessionários quase vazios?
2) Será que se trata de uma questão profissional. Estariam os psicanalistas, psicólogos e psiquiatras mais preparados do que os padres?
3) Será que as desculpas que valem para não se ir aos sacerdotes não valem para com os terapeutas, para se fugir dos consultórios?
4) Os profissionais de escuta são desconhecidos e ganham pelo trabalho que fazem; os padres que são “profissionais do sagrado”, nas coisas que se referem a Deus, não ganham pela escuta que fazem. Por que poucos os procuram?
5) Por que as pessoas preferem pagar a ir a um sacerdote que as escutem com amor e misericórdia?
6) Será uma questão de tempo? Os padres, ultimamente, não têm tempo para escutar o povo, enquanto que os terapeutas estão a serviço da escuta em seus consultórios (!?)
7) Será que o tempo reservado ao ativismo pastoral, não se está tomando o tempo precioso da escuta das ovelhas do rebanho do Senhor, ovelhas casadas e fatigadas...? Enquanto que, os profissionais da escuta estão à espera, sem outra coisa fazer e só a espera do povo sedento de quem os escute sem outra coisa a fazer,...
8) Nosso povo tem consciência de que na origem de vários distúrbios psicológicos está o pecado como raiz?
9) E em matéria de pecado quem tem autoridade para resolver: os padres ou os psicólogos etc.?
10) Podemos falar de uma quase uma substituição do confessionário pelo consultório ou divã?
O que vou dizer parece ironia: existem sacerdotes e religiosos, que não se confessam (e esses graças a Deus são poucos), e outros que não têm um diretor espiritual, mas, em contrapartida, vivem correndo atrás de consultórios para serem analisados. Volto a lembrar, estes profissionais tem sua importância e seu lugar na saúde psicológica, o que questiono é apenas a confusão que se cria, e a negação do papel do sacerdote no que tange a confissão dos pecados.
Pe. Juvan Celestino da Silva
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